quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Possível conversa de fim de ano

- Oi, amiga, há quanto tempo!
- Oi, querida, pois é, faz um tempão que a gente não se vê!
- Fiquei sabendo pela Paulinha que você vai fazer uma himenoplastia em 2009, verdade?
- Ai, essa Paulinha é fogo... eita mulherzinha fofoqueira... Mas vou sim, era um fetiche do Paulinho.
- Que d-e-l-í-c-i-a!!! Se eu fosse mulher eu também faria. Tenho certeza de que isso deixaria o Paulão com um fogo in-crí-vel!!!!!!
- Ih, sua boba, do jeito que você e o Paulão vivem, nem precisam de reconstrução de hímen.
- É, você tem razão. Acho que em 2009 vou fazer uma reconstrução das pregas mesmo. Bem, a gente se vê. Feliz ano novo para você!
- A gente se fala, feliz ânus novo para você, então!

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Feliz 2009 para quem estiver me lendo. Mesmo que esteja me lendo em outubro. A internet tem dessas coisas.

I.R.

terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Nem judeus nem palestinos - Décimo-quarto bilhete para um world músico

É tão fácil atirar a primeira pedra, criticar, condenar, julgar...

É tão duro ver pessoas governadas pela cultura do rancor, do ódio, da violência, da intransigência...

É tão triste ver crianças, adultos, inocentes, culpados, seres humanos sendo cruelmente assassinados... a vida humana parece valer tão pouco...

É tão difícil conviver...

Mas a música, sempre ela, nos mostra outro caminho, outra possibilidade, sem idiomas, sem religião, sem fronteiras... Não um mundo perfeito, mas um mundo onde há lugar para todos, onde as diferenças podem ser discutidas sem a presença de uma bomba.



I.R.

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Viejos buenos aires

o ar que respiro quando
raia no Arraial
não é rarefeito;
é o rabo da arraia,
o cabo de união,
quando acabo de chegar.

I.R.

sábado, 27 de dezembro de 2008

Carta e Verso - 1 ano

Arraial do Cabo, 27 de dezembro de 2008

Prezados,

Não sei se isto se pretende uma carta, um bilhete, um aviso, uma propaganda, uma página de diário, um panfleto... Bem, na verdade, a intenção do que escrevo às 10:48 deste sábado 27 de dezembro é comemorar.

Há mais ou menos 14 anos cometi o primeiro poema. E entre idas e vindas, entre tentativas, acertos e erros, felicidades e poemas destinados ao lixo, fui juntando algumas coisas.

No dia 27 de dezembro de 2007 resolvi abrir este blog para poder dividir com quem quer que fosse um pouco do que já tinha escrito. O bom disso é que começar o blog me motivou a voltar a escrever. Só que quando tive a idéia do Carta e Verso, na época ainda sem nome, pensei que se ele tivesse apenas poemas seria muito chato. Eu, particularmente, não leria um blog apenas com poemas. Gosto de poemas, mas não tenho paciência para ler muitos, muito menos de um autor desconhecido como eu. Em outras palavras, eu não me leria com freqüência.

Aí tive a idéia de escrever cartas também. Nas cartas eu poderia e posso dar espaço às coisas que penso, aos meus delírios, ao meu divertimento na hora de escrever. Quando pensei nisso, tive o nome deste espaço.

Este espaço que não é a grande casa virtual de um grande escritor, mas de uma pessoa que, mais do que escrever, gosta muito de ler e gosta muitíssimo de se comunicar. A escrita acaba vindo como uma necessidade dessa comunicação à distância que se mostra, mas não se revela, que fala, mas nem sempre entra em detalhes, que ATÉ pode falar de mim, mas QUASE SEMPRE entre as linhas de um texto quando o faço. Não tenho necessidade de me expor inteiramente quando escrevo, mesmo que às vezes o faça. Portanto, deixo claro, nem tudo o que está aqui sou eu, por mais que tenha saído de mim.

Agora, quem me conhece sabe que adoro música. Já disse uma vez, o Carta e Verso se chama, informalmente, Carta, Música e Verso, já que a presença dela aqui é constante e continuará sendo.

Agradeço aos que entram sempre aqui, que lêem este espaço. Agradeço aos que comentam ou deixaram algum recado. Agradeço aos anônimos. Agradeço aos que entraram por engano. Agradeço aos que entraram para "pegar" algum texto, para esses eu digo que escreverei outros para serem "copiados" por vocês. E como se diria no "Xou da Xuxa", agradeço ao meu pai, à minha mãe e a você.



Um abraço,

I.R.

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Carta de Natal

Arraial do Cabo, 25 de dezembro de 2008

Prezados,

de todas as coisas que não entendo nesta vida, e posso garantir que são muitíssimas, uma das que menos entendo é essa história de desejar Feliz Natal para os outros.

A coisa começa antes do dia 24, aí por volta do dia 21 ou 22 se você já sabe que não vai reencontrar a pessoa antes da noite do dia 24 para desejar o tal feliz natal. No dia 23 a expressão ganha mais força para ter o seu gran finale a partir da meia-noite do dia 24 para o dia 25 de dezembro, onde a dizemos para os outros, entre abraços, taças de vinho, panetone, rabanada e um sorriso estampado no rosto.

Agora, o que significa desejar Feliz Natal para alguém? Se o natal representa o nascimento de Jesus, é meio ilógico desejar ou dizer a qualquer outra pessoa que não seja o próprio Jesus alguma frase nesse dia. Eu entendo que no dia do meu aniversário alguém me procure, me telefone, me mande um email ou um sms me desejando feliz aniversário. Mas não entendo que no aniversário de Jesus alguém faça isso comigo.

Seria como se no dia 30 de fevereiro (se existisse) alguém telefonasse para o Céu e...

- Alô, poderia falar com o Jesus.
- É ele mesmo que está falando.
- Oi, como vai, Jesus? Tô te ligando para te desejar um Feliz Aniversário do Zé das Couves.
- Pô, cara, valeu mesmo! Desejo o mesmo para você e para toda a sua família!

Quer dizer, não rola.

E isso que estou falando do natal. Na páscoa essa coisa complica um pouco mais, já que desejar feliz páscoa a alguém equivale a dizer: Feliz morte e ressurreição de Jesus para você!

Bem, não posso dizer que não desejo Feliz Natal a ninguém, afinal, estou acostumado, cresci dizendo isso, mas procuro pensar que essas palavras contêm uma mensagem secreta. Algo como: Desejo que hoje você coma até arrebentar! Espero que seu fígado agüente! Tomara que você não ganhe um par de meias, uma cueca ou uma água de colônia barata neste ano! E se de repente aparecer um monte de gente na sua casa que você não conhece, que a visita fale pouco, tenha bebido menos ainda e seja breve!

Bem, é isso... e Feliz Natal para todos!

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Bilhete para Lennon, Feliz Natal

Arraial do Cabo, 24 de dezembro de 2008

Prezado John,

não encare estas palavras como uma crítica, pois não são. Você, pelo menos para mim, não é um profeta, um pensador, um iluminado. Você, pelo menos para mim, não é alguém que nos veio tirar da caverna para podermos ver as imagens tais como são.

Mas suas músicas e seus versos contribuem para a diversão, tão necessária a todos, e também, às vezes, para a reflexão, para que pensemos no que podemos fazer para melhorar um pouco este planeta onde vivemos, onde você viveu.



Aproveito para pedir desculpas pelas versões em português que já ouvi dessa música. Essas versões quase me fizeram esquecer quão bonita é a original.

Feliz Natal!

I.R.

PS: E no meio de tanta comida, tanto presente, tanto cartão de crédito, tanta gente nos shoppings, tanta carta para Papai Noel, tantos duendes e renas, tanta neve, resta uma pergunta: por que amanhã é feriado?

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Carta para o Papai Noel

Arraial do Cabo, 22 de dezembro de 2008

Querido Papai Noel,

antes de começar preciso lhe dizer que fui um bom menino durante todo o ano. Me comportei bem, não fiz malcriação e mereço um bom presente.

Se eu fosse criança seria muito mais fácil pedir. Poderia começar com uma bicicleta ou com uma bola, presentes clássicos da minha época. Ou talvez um playstation, clássico do século 21.

Mas, apesar de me sentir bastante criança, deixei essa frase para trás há algumas décadas e os pedidos acabam se tornando um pouco mais complexos. O que pedir? Uma casa ou um apartamento? Um carro, pelo menos usado, já que um 0km tá difícil até com incentivos do governo? Uma viagem para a Europa?

Essa história de pedir a paz mundial não vai dar, até porque você é conhecido como distribuidor de presente, não como fazedor de milagre. Também não vai dar para pedir por políticos mais honestos, pois além de não ser milagreiro, não acreditamos em coelhinho da páscoa, não é mesmo?

Peraí... não acreditamos em coelhinho da páscoa? Bem, então eu tenho uma notícia que talvez você não goste muito. Eu não acredito em você. E não é por ter 33... em contagem regressiva (faltam 11 dias) para os 34. Eu nunca acreditei em você. Se tiver alguma criança me lendo agora, por favor, se você não quiser perder a ilusão, se não quiser saber a verdade, pare de ler este blog agora ou passe para outro texto. Papai Noel não existe. Quer dizer, você, Papai Noel, não existe e nunca existiu para mim. E não estou falando de uma infância triste e pobre onde meus pais não tinham dinheiro para comprar nem um pirulito. Estou falando de ter crescido sem precisar de um velhinho de barba branca que me desse presente. O meu pai, jovem e de barba preta, era quem ralava para comprar o brinquedo.

Cresci ouvindo do meu padrinho os seguintes versos em forma de canção:

"Papai Noel não existe não.
Papai Noel é tapeação.
Papai Noel é pra garoto bobo
que fica em casa vendo televisão."

E assim como você nunca fez falta, os reis magos também nunca fizeram nem o coelhinho da páscoa, nem Rodolfo, a rena do nariz vermelho, nem o pote de ouro no final do arco-íris, se bem que eu não me queixaria se encontrasse um.

Mas sabe, Papai Noel, para que a sua tristeza neste Natal seja maior, meu filho também não vai acreditar em você. Não tem necessidade. A vida e a fantasia não são mais interessantes com a crença na sua existência. Prefiro que meu filho saiba que o pai e a mãe dele ralam pra cacete para pagar as suas roupas, a sua escola, a sua alimentação e os seus brinquedos, a sua diversão, também. Por que ficamos só com a parte da obrigação e você, Papai Noel, leva a fama pela parte mais divertida?

Abaixo você, Papai Noel! Lutemos por um Natal sem a necessidade de neve artificial e duendes espalhados pelos shoppings dos países de Natal tropical. Lutemos por um Natal mais humano onde a alegria não está no velhinho de roupa vermelha e barba branca, mas se encontra no nosso encontro com cada pessoa, independente da cor de roupa que usamos e da idade que temos.

Agora, se quiser se lembrar de mim e me dar um 0km de presente... tô precisando.

Um abraço,

I.R.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Cordas com teclas

Cordas...
Teclas...
Dedos que batem
suavemente,
como se digitassem uma música.

I.R.

Cravo



Clavicórdio



Piano



Confesso que no caso do cravo e do clavicórdio, gosto muito da palavra usada em inglês para lhes nomear.

Harpischord e Clavichord. Já, piano, em inglês, é Piano mesmo.

Primos na aparência
Irmãos na exigência
Desconhecidos na maneira
de lidar com as cordas.

I.R.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Em minutos

Me desfaço, me perco, desconstruo,
Volto ao pó, sou poeira, sou farelo,
Um resto de papoula, ipê amarelo,
Um céu de cartas tortas eu construo.

Meu céu ou seu inferno, assim eu suo
Desconstruindo a noção do bom e belo
E beijo as minhas costas num flagelo
E em meus braços me dou, me prostituo.

Me disfarço e então peco em mim, narciso,
E me nego até mesmo um meu sorriso,
E essa desconstrução é quase unânime.

E é difícil juntar esses caquinhos,
Encontrar meus milhões de pedacinhos
Perdidos numa porra pusilânime.

I.R.

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Pregas ou cordas

Acabo de descobrir que as cordas vocais também são chamadas de pregas vocais.

Sinceramente, eu sabia que as pregas podiam 'falar', podiam 'gemer', podiam 'declamar Os Lusíadas' em determinadas situações, e podiam se queimar e você podia acabar perdendo as mesmas.

Essa novidade de que o buraco é mais em cima e de que as cordas vocais, que não são cordas, também podem ser chamadas de pregas me deixou abalado.

Mas voltando ao X da questão, o caso é que cantamos, e cantando, além de espantarmos os males e os vizinhos, podemos nos alegrar, podemos expressar um sentimento, podemos fazer arte, podemos nos divertir, relaxar, podemos liberar tensões e tantas coisas mais que um blog é pouco para expressar.

No Rádio Gordo há uma entrada sobre as cordas vocais e uma referência ao "canto de garganta" ou "canto difônico". No Rádio Gordo ele nos é apresentado com músicos da Mongólia. Aqui eu optei por músicos de Tuva.

Huun Huur Tu



E o grupo de rock Yat-Kha



Mas e o canto como estamos mais acostumados, quem pode representá-lo? São tantos os nomes e as vozes que fica difícil escolher. Opto então pela beleza rouca da voz daquela que foi escolhida pela BBC como a cantora do milênio.



E em música com letra de protesto.



E atire a primeira pedra aquele que jamais cantou no chuveiro.

I.R.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Entre aulas e sorrisos

Colocando em questão mitologia,
Traz Camões, Classicismo e muita lógica,
Tal certeza jurássico-arqueológica,
Religião nossa, fruto da agonia.

Desaguando em beleza, fantasia
Que muda do universo vida ilógica,
Pois dá ao coração psicológica
Leitura do que não se definia.

E vejo neste céu azul do mar
Que só há um mistério, que é achar,
mesmo após ler Horácio e ler Virgílio,

Que nós, miséria humana, alma plebéia,
Não somos cosmonautas da mãe Géa
Ao descobrir o cosmo em nosso cílio.

I.R.

domingo, 14 de dezembro de 2008

Carta para um professor sádico

Buenos Aires, 14 de dezembro de 2008.

Prezado professor sádico,

Chegou a hora de você tirar a máscara. É fim de ano, época em que você pode exercitar a sua sede pela demonstração de poder. E é bom que os seus alunos saibam disso.

Você se esconde atrás de um salário baixo para preparar aulas meia boca para os seus alunos. Você se esquiva de suas responsabilidades como profissional dizendo que se os alunos não aprendem é por culpa deles, não sua. Você se protege das críticas colocando a culpa no governo, no descaso institucional com a educação. Você coloca a responsabilidade nas letras de funk, por exemplo, para mostrar que com essa “cultura” o aluno não pode crescer. Você ri com seus colegas dos erros ortográficos e gramaticais que os alunos cometem nas provas e acredita na farsa de que se ele errou o responsável é o próprio aluno por não estudar, por não ler. Isso quando não sobra para a professora da alfabetização, a Eva de toda a educação, quem primeiro fez o aluno morder a maçã e o condenou a uma eternidade medíocre, livrando você, amigo professor sádico, de toda a responsabilidade.

Essa carta não é um estudo sociológico, nem uma tese de nada. É um alerta para os seus alunos. Sim, um alerta, para que eles saibam que no dia do conselho de classe ou no conselho final (antes se chamava conselho de promoção... será que ainda se chama assim?), você, professor sádico, vai reprová-los, principalmente se as suas notas estiverem a alguns décimos da aprovação. E vai fazer isso com um sorriso nos dentes, dizendo que você, aluno, não vai ser aprovado porque ele, dono da verdade, dono de todo o saber e conhecimento, não quer. E o nosso colega sádico terá milhões de argumentos para justificar a própria decisão, e ai do professor que ousar questioná-lo.

Antes que eu seja esculhambado aqui pelos meus colegas, aviso: não defendo a aprovação automática. Mas gostaria de ver uma mudança no ensino onde o conhecimento não fosse ferramenta de exclusão, mas de inclusão social. Onde, por exemplo, a gramática deixasse de ser vista como uma coisa morta e sem sentido, mas que seu estudo ajudasse os alunos a serem críticos, a serem seres pensantes, não meros papagaios. Que o estudo da história deixasse de ser uma triste decoreba, para se tornar algo dinâmico, que instigue o aluno a pensar sobre o seu mundo de hoje analisando o passado, projetando, quem sabe, um futuro melhor.

Mas eu sei, professor sádico, que para você é mais fácil pegar a sua caneta vermelha e arrasar. A sua caneta vermelha é como um trator que passa por cima do respeito e da dignidade do ser humano, usando como justificativa para isso a falta de respeito que muitos alunos têm, num circulo vicioso que interessa apenas aos que desejam manter a sociedade do jeito que está.

A você, meu colega sádico que sente o prazer mórbido da reprovação automática, desejo um bom tratamento psicológico, nada mais.

Um abraço,

I.R.

sábado, 13 de dezembro de 2008

Décimo-terceiro bilhete para um world músico

Buenos Aires, 13 de dezembro de 2008

Prezado,

você sabe que atualmente tenho muitos assuntos sobre os quais gostaria de comentar. Tenho tantas cartas para escrever... Mas você sabe também que é fim de ano e o fim de ano não vem sozinho. Traz com ele um caminhão de provas para corrigir dirigido por um motorista extremamente cansado, porém sóbrio.

Por isso, para evitar falar de trabalho, é que quero dividir com você uma grande notícia. Goran Bregovic lançou um trabalho novo, Alkohol.



Um abraço,

I.R.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Cordas afegãs

O Afeganistão é mais do que burca (ou burka ou burqa), talibã, guerras e papoula. Do Afeganistão vem um... não, peraí... dois instrumentos de nomes parecidos, mas de maneiras de tocar diferentes e que segundo alguns historiadores vão dar origem a outros instrumentos de corda que em outro momento passarão por aqui. É claro que esses instrumentos não são exclusivos de lá. Mas, cá entre nós, no nosso mundo globalizado o que podemos dizer que é exclusivo de algum lugar?

Primeiro o rebab



Depois o rubab



I.R.

PS: Rubab e tabla. Imagem mais nítida.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Ser como se é

Amigo, já não fale de moral
Pois moral, eu bem sei, você não tem
Você é pura casca, eu sei também,
Falso como você não há igual.

Você age de modo natural
E mente, engana e trai como ninguém
Seguindo as regras quando lhe convém,
Você é falso, farsa, artificial.

Você, feito de casca e de aparência,
Nos finge uma alegria, adolescência,
Mas não sabe do amor com garra e luta.

Pois você finge ser um personagem,
Tão verdadeiro quanto uma miragem,
Tão falso quanto o gozo de uma puta.

I.R.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Ser pai...

...é babar em cima do filho,
...é achar graça em cada micro mudança de cada micro forma do seu filho sorrir,
...é fazer palhaçada para ele comer,
...é dar um iogurte quando o tempo permite,
...é dar uma mamadeira à noite,
...é fazer cara de nojo quando ele faz cocô e entregá-lo para a mãe dele limpar,
...é trocar a fralda aliviado por só ter xixi,
...é passear de carrinho com ele por dentro de casa,
...é cobri-lo de beijos,
...é assistir 500 milhões de vezes The Lion Sleeps Tonight.

I.R.

domingo, 7 de dezembro de 2008

Para terminar um relacionamento com fúria. Pegue-me.

Você não presta! Bem que me avisaram para não me aproximar, para não me envolver com você, mas eu não quis acreditar. Você me enganou, me iludiu, me vendeu uma vida e uma pessoa que você não tem, que você não é. Você mentiu para mim e me fez de gato e sapato. Mas agora, meu filho/minha filha, acabou.

A partir de agora, eu sou mais eu. De pessoas como você eu quero distância. Você é um/a cachorro/a sarnento/a, mau-caráter, falso/a, filho/a da puta (se você não curte palavrão, recomendo tirar o último adjetivo). Você não vale nada. Espero nunca mais ter que olhar para essa sua cara nojenta. E nem pense em tentar me procurar. Pode apagar o meu número da memória do seu celular, porque nunca mais quero falar com você. Pode tirar o meu nome da lista do seu messenger e do seu orkut, porque eu já bloqueei e tirei o seu. Até nunca!

Para terminar um relacionamento. Pegue-me.

Olha, eu nem sei como começar a escrever isso. Antes de mais nada, quero que você saiba que eu me sinto um covarde por escrever em vez de te procurar e a gente sentar para conversar. Mas por enquanto talvez seja melhor assim.

Esse tempo que passamos juntos foi muito, muito, especial, mas sei que já não faço você feliz como antes, da mesma forma que também não estou feliz. Tudo o que vivemos foi lindo, mágico e vou guardar cada momento desses comigo. As alegrias e tristezas que passamos juntos, nossas conquistas e o que realizamos. Até das nossas brigas eu vou me lembrar e procurarei aprender delas para não repetir os mesmos erros.

Mas insistir em estarmos juntos é um erro. Não quero machucar você e também não quero me ferir. Quero que sejamos felizes, mesmo que separados. Se for o nosso destino terminarmos juntos, tenho certeza de ainda vamos nos encontrar.

Para um amor. Pegue-me.

Há muito tempo eu procurava alguém como você. Alguém com quem pudesse dividir a minha vida, as minhas alegrias, as minhas tristezas, os meus planos, os meus sonhos... E ao mesmo tempo compartilhar as suas alegrias e tristezas, e te apoiar no seu crescimento, te ajudar nos seus momentos difíceis, alguém com quem fosse possível viver um presente e construir um futuro.

Há muito tempo eu procurava alguém assim. Agora não procuro mais. Você entrou na minha vida de mansinho, meio sem querer, e agora é meu/minha amigo/a, meu/minha companheiro/a, meu amor. Obrigado/a por existir. Amo você.

Pequenos textos para serem "roubados"

Buenos Aires, 7 de dezembro de 2008

Prezados leitores,

Nesse quase um ano de blog, notei que muita gente acaba caindo aqui meio sem querer. Quase sempre procurando alguma idéia de o que escrever para uma amiga, para um bebê, para um amor. E foi pensando nisso que eu resolvi colocar alguns textos curtos, impessoais, sobre determinados assuntos. Para facilitar a coisa, vou colocá-los em postagens diferentes e eles não terão nem a palavra Carta nem a palavra Bilhete como título. Esses texto serão chamados de: "Para "Tal Coisa". Pegue-me".

Um abraço,

I.R.

sábado, 6 de dezembro de 2008

Cordas de aço

Blues, jazz, rock (em todas as suas vertentes), pop, etc.

Voltando a falar de cordas, um dos instrumentos mais influentes na música do século XX é a guitarra. Ele é tão importante na música que fica até difícil escolher alguém para mostrá-lo em execução. Todo mundo conhece a guitarra, mas para informações mais específicas eu recomendo a questionada wikipédia.

Guitarra elétrica
Guitarra eléctrica
Electric guitar
Gitara elektryczna
Elektromos gitár

E pensar que no Brasil já houve manifestação contra o uso da guitarra na música brasileira.

Mesmo tendo de deixar guitarristas ENORMES de lado, inclusive brasileiros, coloco alguns que são magos com as cordas e com o amplificador.

B.B. King e Eric Clapton



Joe Satriani, Steve Vai e Yngvie Malmsteen



Stanley Jordan



O último eu tive o prazer de ver em um festival de jazz, de graça, em Rio das Ostras.

I.R.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Carta para um conversador

Buenos Aires, 4 de dezembro de 2008.

Prezado conversador,

Você já reparou que nós, pessoas, conversamos cada vez menos? Passamos horas no Messenger, ganhamos calos na ponta dos dedos mandando mensagens pelo celular, secamos a saliva em monólogos sem fruto aos que insistimos chamar de diálogo, mas que são menos férteis que o deserto do Saara.

Para quê?

Em minha opinião, não conversamos. Falamos, mas não ouvimos. Queremos impor nossas idéias, mas não queremos conhecer as idéias ou opiniões dos outros. Procuramos sair vitoriosos de uma conversa, que já não consideramos uma alegria da vida entre amigos, mas uma batalha com um inimigo a vencer.

Dizem que religião não se discute. Mas depois tivemos que mudar a frase para “futebol e religião não se discutem”. E agora já acrescentamos ou excluímos discutir sobre mulher também. Quer dizer, futebol, religião, mulher, sexo, cerveja, filhos, novela, dieta, doença, e um vasto etc, nada disso se discute.

Se a conversa é sobre religião, existe sempre a necessidade de provar para o outro que o seu deus é mais verdadeiro, que a sua religião é a única correta, e no caso dos interlocutores serem cristãos, que o seu Jesus não foi deturpado como o Jesus do outro. Não, amigo, você não vai me convencer de nada, vamos falar de futebol.

Mas falar de futebol é um perigo. Envolve as paixões pelos clubes e a rivalidade existente entre eles. Então o seu clube é mais vencedor do que o do outro, que sabe que venceu menos, mas lembra as vitórias mais importantes do próprio time e as principais derrotas do time do amig, digo, do adversário. Nem entre torcedores do mesmo time pode haver conversa, já que na “conversa” alguém sempre vai preferir um determinado jogador ou vai defender determinada política do clube ou vai dizer que aquele cara era ídolo, mas na verdade era um pereba.

De futebol não dá, vamos falar de música. Ah, mas eu curto funk. Não, o funk é uma porcaria, o bom mesmo é sertanejo. Sertanejo é brega, o negócio é dançar um forró universitário agarradinho. Esse negócio de universitário é que é ridícula, música boa é o heavy metal, coisa que no Brasil quase não se faz. O que é isso? Música é o rock dos anos 60. Anos 60? Amigo, falemos da bossa nova. Mas a bossa nova é um saco, o negócio bom mesmo era a jovem guarda. E não dá para juntar os dois e curtir um som do tropicalismo? É, eu sou amarrado em MPB. Mpb, que coisinha sem sal, o bom mesmo é um churrasco com pagode e cerveja.

Chega! Vamos falar de sexo. Em cima, embaixo, de ladinho, frango assado, cachorrinho ou coqueirinho?

Um abraço,

I.R.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Só uma corda só

Vara de biriba,
Corda,
Cabaça.

Vareta fina,
Caxixi...
E a graça de ter vindo numa nau.

Salvador,
Capoeira,
Angola,

Quem não joga não vive,
se enrola,

quem não come poeira,
não sabe o calor do berimbau.

I.R.

Papete nos fala sobre o berimbau e nos mostra porque é um dos grandes mestres do instrumento.



Lenine e Ramiro Musotto, num brilhante solo, nos mostram que o berimbau não é um instrumento apenas da capoeira ou do samba de roda.



I.R.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Décimo-segundo bilhete para um world músico

Buenos Aires, 01 de dezembro de 2008

Prezado,

como você não entende o que eu digo? Por um acaso estou falando grego?

Um abraço,

I.R.

domingo, 30 de novembro de 2008

Carta para um urubu

Buenos Aires, 30 de novembro de 2008.

Prezado/a Urubu,

Provavelmente você nunca leia esta carta. Talvez seja melhor. Afinal, esta não é uma carta para ser lida por você. Ela existe por causa da minha necessidade de dizer o que penso, de vomitar um pouco a minha impotência diante do seu bater de asas.

Há muito tempo eu soube das suas prioridades, da sua postura de rancor, fel, amargura. Faz tempo eu soube que a sua cara de boa pessoa era apenas uma máscara. No fundo, você sempre foi isso, uma caveira disfarçada de gente.

Não houve piedade nas suas atitudes. E você fugiu quase na calada da noite, cuspindo na mão de quem te deu casa, comida e muitos etcs durante anos. Nessa noite em que você bateu asas, perdi minhas ilusões a seu respeito.

Os anos se passaram, você voou por outras paragens, não nos vimos e não senti nenhuma falta. No fundo eu sabia que você estava só esperando a carne virar carniça para atacar os despojos com furor.

E esse dia chegou, não foi? A carne abatida, cansada, deprimida, fumou o seu último cigarro, dançou o seu último samba... sem percussão, sem arte, sem restaurações. Simplesmente dançou e virou carniça. Imagino que você não tenha chorado. Coerência, não é mesmo? Nada de despedidas.

Chegou a hora de atacar a carniça, de mais uma vez agir em surdina. E a vingança vem na forma de doação, de lixo através do verbo rasgar, na apropriação do pouco que existe, na partilha, sem jogo de dados, dos despojos. Você, urubu, para compensar as suas frustrações não respeita nem respeitou o sofrimento alheio. Mas não importa. Eu já sei quem você é. E sei que posso te afugentar com uma pedrada.

Não desejo mal a você. Na verdade, não desejo nada. Prefiro manter distância. Mas não nego esperar que o tempo enfraqueça as suas asas, que o passar dos anos amoleça o seu bico e desejo viver o suficiente para manter a máxima distância possível de você e do seu (?) ninho.

Sem nenhum abraço e me devolva os que um dia lhe dei,

I.R.

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Sanfona de corda

Antes de falar sobre a sanfona de corda, conhecida na Europa pelo nome de zanfona ou sanfoña ou em inglês por hurdy gurdy, quero dizer que este blog ficou contente em ter ajudado a dar origem a um novo verbo na língua portuguesa.

Para conhecer este verbo e continuar com a temática de instrumentos de corda, eu convido o pessoal que aparece por aqui a dar uma olhadinha na viola caipira no blog Rádio Gordo.

Agora, que história é essa de sanfona de corda? O nosso problema é estarmos tão acostumados a certas palavras e a certas definições que não pensamos (ou não vemos possível) que uma palavra pode ser o nome de mais de um instrumento musical.

A bem da verdade, isso seria um problema no Brasil se a sanfona em questão fosse tão famosa quanto a de Luiz Gonzaga, por exemplo.

Conosco, Anxo Pintos:



E Germán Díaz:


Um abraço a todos,

I.R.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Bilhete para os leitores

Buenos Aires, 26 de novembro de 2008

Queridos, prezados, amigos, família e os que entraram aqui por engano,

este blog está de cara nova. New look. Nueva cara. Novo visual, ou visu, para quem preferir.

E por um motivo muito simples... eu já estava cansado do modelo antigo. Grandes portais, como o Globo ou o Uol, ou jornais online, como o Clarin daqui de Buenos Aires, costumam fazer a mesma coisa de vez em quando. Dão uma repaginada. Fazem uma cirurgia estética, podendo ir de uma simples aplicação de botox a uma plástica mais profunda.

Foi isso o que aconteceu, o Carta e Verso passou por uma plástica ontem. Espero que tenha ficado bom. Não sou o Ivo Pitanguy, mas usando as ferramentas que o Blogger dá, e tendo um senso mínimo de ridículo na hora de combinar as cores, quase qualquer um consegue.

Este blog começou com fundo preto e letras brancas. Depois ficou verde com letras amarelas, mas com o mesmo layout (que palavras estranhas nos obrigam a saber nesta vida). Desde ontem a cara é essa que se vê... e o "Zé Bonitinho" da foto é o jovem Santiago, pronto para arrasar corações com os seus óculos de galã.

Um abraço a todos. E obrigado por dividirem comigo os meus delírios.

I.R.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Sonho Lepidóptero II

Eu vejo a mariposa da janela,
É azul e anuncia nova era,
De flor e fruto e sol e besta fera,
E vem trazendo a mim febre amarela.

Presa e solta e escondida e só, já nela,
A mariposa azul que me incinera
vem. (besta flor amada que me espera
amá-la pra que eu seja sempre dela).

E vem a mariposa toda prosa,
Esquece que é azul, pensa que é rosa
E a poesia não sabe onde ela está.

E o eu da poesia fica olhando
Da janela pra rua, só esperando,
Querendo apenas vê-la nela já.

I.R.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Corda 2

As cordas continuam a exercer o seu papel mais divertido. Hoje, através do ukulele. Um instrumento semelhante ao cavaquinho, e exatamente por ser semelhante, diferente do mesmo.

Com todos nós, a Ukulele Orchestra of Great Britain:



E o músico havaiano, de voz melodiosa, Israel Kaʻanoʻi Kamakawiwoʻole, ou simplesmente, Bruddah Iz.



Um abraço,

I.R.

domingo, 23 de novembro de 2008

Corda

Uma corda

levanta
puxa
diverte
treina
limita
demarca
prende
amarra
enforca
...
e também faz música

I.R.

PS: O bağlama é um desses instrumentos que faz música usando cordas.



E Orhan Gencebay é um dos seus especialistas.



I.R.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Valeu!

Valeu, Zumbi!



Valeu, João Cândido!



Valeu, milhares de anônimos!

Que a consciência seja de todos e possamos construir um mundo melhor!



I.R.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Bilhete para os leitores que gostam de música

Buenos Aires, 19 de novembro de 2008

Prezados,

se vocês curtem música, a Rádio Carta e Verso, depois de muitas e muitas e muitas e muitas semanas, está com nova programação.

Um abraço a todos,

I.R.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Carta para Bruno Mazzeo

Buenos Aires, 15 de novembro de 2008.

Prezado Bruno Mazzeo,

Há pouco mais ou pouco menos de seis meses eu conheci você. Não, nós não nos conhecemos. Eu o conheci por causa da televisão. Moro em Buenos Aires, e um dia a Globo Internacional anunciou que passaria nas tardes de sábado o programa Cilada do canal Multishow. Foi aí que eu conheci você. Morri de rir com o programa, de um humor rápido, simples, misturando o possível e o ridículo com mestria.

Não sei como foi que descobri o seu blog e com ele a certeza de que escrever sobre temas do cotidiano é uma arte, que o uso do humor, ácido, de duplo sentido, despretensioso, ferino, de poucas palavras, de trocadilho, enfim, o uso do humor num texto é um trabalho árduo, mas muito gratificante para quem lê. Com o seu blog tive a redescoberta do prazer de ler em voz alta, variando a entonação, a ênfase, para fazer o ouvinte rir. E nada melhor para fazer isso do que um bom texto.

Mas essa carta não pretende ser um panegírico nem um exercício explícito de babação de ovo. Essa carta é um agradecimento. É incrível como uma pequena recomendação de alguém lido e admirado como você pode fazer com que um desconhecido como eu seja lido por um monte de gente.

Como você teve a oportunidade de conferir por duas vezes, eu escrevo em um blog, o Carta e Verso. Em duas ocasiões apresentei a você uns textos que falavam sobre a situação do nosso Vascão e você, generosamente, fez dois breves comentários que renderam dias de visita recorde no meu blog.

Cara, eu nunca tinha recebido mais de 18 ou 20 entradas em um dia. De repente tive dois dias de quase 60 visitas. Foi incrível. Afinal, qualquer um que escreve o faz com a intenção de ser lido, por algum tipo de necessidade nem sempre explicável.
Agora que já se passaram alguns dias posso escrever com a distância que a emoção ou a alegria exigem, para não ficar escrevendo qualquer palhaçada. Afinal, não tô a fim de fazer como “você e a Débora” seguindo o Marcos Palmeira no Cilada para saber a marca da pasta de dente dele.

Bruno Mazzeo, muito obrigado! Como dizem, um fruto não cai longe da árvore. Seu pai sempre foi conhecido pela generosidade, além do talento. E vejo que você está no mesmo caminho.

Bem, chega de rasgação de seda, por mais que seja verdadeira. Vou ajudar minha mulher a cuidar do nosso filho que está com a sua primeira prisão de ventre.

Um abrande abraço,

I.R.

domingo, 16 de novembro de 2008

Bilhete para um músico regional

Buenos Aires, 16 de novembro de 2008

Prezado,

tu, mais do que ninguém, sabe que nem só de mpb, forró, pagode e sertanejo vive a música brasileira.

Um abraço,

I.R.

sábado, 15 de novembro de 2008

15 de novembro

O Brasil e

o rei do futebol
o rei da soja
o rei da MPB
o rei do álcool
o rei do cangaço
o rei do baião
a rainha das embaixadinhas
a rainha das quentinhas
a rainha dos baixinhos

15 de novembro.

Viva a República!

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Eletrodoméstico

A dor se
torna quase
doméstica
e tão
imperceptível
quando se liquidifica.

I.R.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

O bom, o mau e o feio - Bilhete para quem dá os nomes aos filmes

Muito bom!
Muito, muito bom!
Excelente!

Só não entendo por que se chamou "Três homens em conflito". Quer dizer, entendo... Não se pode negar a criatividade a vocês, que colocam, no Brasil, os nomes em português dos filmes americanos.



Um abraço,

I.R.

sábado, 8 de novembro de 2008

Bilhete a um plagiador

Buenos Aires, 8 de novembro de 2008

Não sei se algum texto meu já foi plagiado. Deve ser desagradável descobrir que alguém gostou de algo que você escreveu, copiou, colou e não te deu o crédito de tê-lo escrito. Sei que isso já foi praticado por autores campeões de venda, mas não é justo, nem honesto.

E não é só na literatura ou no mundo dos blogs que isso acontece. Na música também. Até reis da música já foram acusados de plágio. 

Mas, pelo menos por hoje, não quero me estender. Preciso descansar um pouco. Mas vai aí um dos plágios mais incríveis do mundo da música.

Primeiro o plágio... versão mundialmente conhecida, enorme sucesso do final dos anos 80.

Kaoma... e a Lambada!



E agora a versão original.

Los Kjarkas... e Llorando de fue! ... Qualquer semelhança com a frase "chorando se foi" é mero plágio.



Um abraço,

I.R.

PS: Na verdade, acho que não sou plagiável.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Atualizando

O calor de Buenos Aires é de derreter os miolos.
Três homens em conflito, até o minuto 40, - ainda não vi o resto - é um filmaço.
Algumas pessoas, espaçosas, pensam que podem ocupar dois computadores ao mesmo tempo.
O Vasco continua a sua luta contra o rebaixamento.
Santiago já tem 6 meses e 3 dias.
A próxima carta que eu escrever deveria ser para o Bruno Mazzeo.
Preciso escrever mais.
Preciso de mais tempo.
Gostaria que, em Buenos Aires, voltasse a fazer as temperaturas da primavera.
Poderia continuar, mas tenho muitas outras coisas para fazer...

Blog atualizado!

I.R.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Pergunta

Se hoje é dia de eleger nosso novo "líder", por que não posso votar?

Qual dos dois?


Abraços,

I.R.


sábado, 1 de novembro de 2008

Corrosão

Estou pronto.
Chegou a hora
E valeu a prontidão.
O prego de prata ficou preto
E a bonita cruz que carrego no peito
Só me trouxe traição.

I.R.

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Carta de um vascaíno para Deus

Buenos Aires, 30 de outubro de 2008.

 

Prezado Deus,

 

Estou escrevendo para me unir ao abaixo-assinado que os santos estão fazendo para pedir ao Senhor que o Vasco não caia para a segunda divisão.

Tive acesso à folha de assinaturas, e fiquei surpreso com a quantidade de gente que já assinou. Também notei algumas ausências. Umas esperadas, outras nem tanto. Ah, tive a sorte de conversar com alguns dos santos que participaram do abaixo-assinado, espero que o Senhor não se aborreça de eu contar um pouco sobre o nosso papo.

Como não podia deixar de ser, a primeira assinatura é a de São Januário. São Janu disse que não gostaria de ser o estádio de um time da segunda divisão. Ele esteve conversando com São Jorge, e o santo guerreiro disse a ele que estar na segundona é duro. Sorte dele que em 2009 o Corinthians já estará de volta à elite do futebol brasileiro. São Jorge assinou o abaixo-assinado por solidariedade e porque o “curíntia” já ta garantido no brasileirão do ano que vem.

São Paulo não assinou. Ele disse que estava muito ocupado tentando fazer o time ser tri-campeão nacional e que não podia perder tempo com esse tipo de problema (não sei... deve ter sido por lembrança de um certo gol de Sorato, mesmo que ele não tenha admitido). Santo André também não assinou pelo mesmo motivo. Ele está muito ocupado com a segunda divisão e nem nos recebeu quando o procuramos. Já São Caetano não quis assinar por raiva do Vasco. Ele disse que depois daquela final da Copa João Havelange quer mais é enfrentar o Gigante da Colina na segunda divisão.

Os Orixás da Bahia também não assinaram. Eles disseram que preferiam evitar o sincretismo, e que já tinham muito trabalho com o Vitória e com o Bahia e com a imensa quantidade de oferendas que faziam com pedidos para esses times.

E o Santos liberou alguns de seus sócios para assinarem o nosso pedido. Disse que fazia isso para honrar os tempos em que jogaram combinados Vasco-Santos, onde Pelé usou a camisa da Cruz de Malta.

Agora, chegamos ao caso específico de São Judas Tadeu. Ele não só não assinou como fez campanha contra. Disse que como é flamenguista vai torcer para o Vasco cair. Achei uma injustiça, uma covardia, mas não esperava muito dele. Ele disse que ia procurá-Lo para tentar convencê-Lo a não nos ajudar.

Bem, Senhor, em nossa defesa eu só queria dizer uma coisa. O cara pode até ser Tadeu, mas não se esqueça de que ele também é Judas.

Um abraço,

I.R.


terça-feira, 28 de outubro de 2008

Bilhete-desafio para ouvidos sensíveis

Buenos Aires, 28 de outubro de 2008

Prezado,

se você tiver ouvidos sensíveis, não escute esta música. Vá direto para a segunda. Agora, se escutar, depois não diga que eu não avisei. Não vale reclamar depois.



Bem, se você não escutou a primeira, escute a segunda e curta a música, a melodia... Mas se os seus ouvidos permitiram escutar a primeira, tente escutar a segunda sem pensar na primeira.



E aí?

Um abraço,

I.R.

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Bilhete para uma segunda-feira

Buenos Aires, 27 de outubro de 2008

Prezada,

normalmente é difícil te encarar a cada semana, quase sempre com a mesma cara. Você merece uma carta, eu sei... mas tá difícil... falta ânimo para escrever... acho que vou ver um energético...



Um abraço,

I.R.

domingo, 26 de outubro de 2008

Um pouco de história

Antes que eu fosse o Álvares Cabral;
Nos uraguais eu era o nosso Gama,
Antes Basílio e Vasco após a fama;
Era compadre e amigo de Pombal.

E da coluna PRESTES (cervical)
Fui serviçal, até que o Pedro chama:
Diz que sou Duque e nunca fiz sua cama,
Mas sou Pixote, humilde marginal.

Mas não roubei ninguém, sou Genebaldo,
Maria primeira, a louca, sem um laudo,
A mulher macho (sou rei do baião).

Da Paraíba trouxe esta senhora,
E remorri (Brás Cubas), vou-me embora
Ser Virgulino, Eterno Lampião.

I.R.

PS:

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Bilhete para um músico fisiologista

Buenos Aires, 22 de outubro de 2008

Prezado,

às vezes o único instrumento necessário é o próprio corpo. Sejamos sinceros, esse é um dos instrumentos mais complexos que conhecemos. E tirar música dele requer coordenação, musicalidade, esforço e, às vezes, força física. 



Um abraço,

I.R.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Carta para um vascaíno

Buenos Aires, 21 de outubro de 2008.

Prezado vascaíno,

Já sei que você está se considerando um sofredor. De fato, analisando o atual campeonato brasileiro e as possibilidades que temos... de cair para a segunda divisão, você é um sofredor. Digo, nós somos sofredores.

Cada um tem uma história que explica o porquê de nos termos tornado vascaínos. A mais comum é a herança familiar, a genética, ou paterna ou materna. Esse não é o meu caso. Sou filho de flamenguistas, por mais que eles rejeitem a palavra flamenguista. Eles dizem que são Flamengo. Com dois anos de idade eu vi uma camisa com a caravela e a cruz de malta e pedi ao meu pai. Ele, que sempre quis ser diferente, comprou a camisa para me agradar. Fiquei tão feliz que com dois anos de idade já tinha escolhido um time: o Clube de Regatas Vasco da Gama. A bem da verdade, depois ele até que me comprou uma camisa do Flamengo, mas já era tarde.

Nestes 31 anos de torcedor vascaíno, tive muitas alegrias e muitas tristezas também. Vi o Vasco três vezes campeão brasileiro, campeão da Libertadores, várias vezes campeão carioca, campeão da copa Mercosul, mas vice mundial duas vezes, vice na copa do Brasil, vários vices no campeonato carioca, o que me amaciou para ser vice. Já não me surpreende tanto e já não fico tão frustrado. Ser vice já se tornou coisa corriqueira. O Vasco, você se lembra, já foi tri-vice-campeão carioca.

Agora, estar em último, na lanterna do campeonato, com mais de 80% de chance de ser rebaixado é uma sensação nova para mim. E acho que para você também, amigo vascaíno. Espero que você saiba que isso é resultado de 20 anos de administração do Sr. Eurico Miranda, um dos cânceres do futebol brasileiro. Eurico Miranda é como Paulo Maluf, aquele que é conhecido como rouba, mas faz. O problema, meu amigo, é que depois as conseqüências aparecem, inevitavelmente. E para infelicidade nossa, a série B só bate à nossa porta agora com o Roberto Dinamite como presidente.

É triste, ridículo, vergonhoso, ver o Sr. Eurico Miranda se comportando como o poderoso chefão mafioso dando entrevistas e dizendo que vai acabar com o Roberto. Espero que você, vascaíno, não apóie essa truculência, essa postura de quem se sente acima do bem e do mal, essa violência tão peculiar aos ditadores.
Não aceite esse discurso euriquiano. E se a gente cair para a segunda divisão, que seja de cabeça erguida, pronto para dar a volta por cima, com um clube renovado, livre do câncer e da metástase. Talvez até nos faça bem essa terapia intensiva.

Um abraço e saudações vascaínas,

I.R.

PS: Pensei em continuar torcendo pelo Vasco, mas pelo Vasco da Índia. Só que isso serviria apenas para manter a coerência, já que o Vasco de lá também está em último no campeonato .

sábado, 18 de outubro de 2008

Qual é o melhor investimento?

Das duas uma:
ou o coloco embaixo do colchão
e guardo um pouco do que me resta.
Ou o coloco no banco
pra ver se rende.
Aceito sugestões.

I.R.



quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Carta para os professores

Buenos Aires, 15 de outubro de 2008.

Prezados professores,

Não há nada mais demagogo do que escrever para alguém em seu dia, não é? Mas como não sou político e luto nas mesmas trincheiras, esta carta não é fruto da demagogia, mas nasce do desejo de comemorar com todos vocês este nosso dia.

Sobre a profissão, confesso que não fui eu que a escolhi. Fui estudar letras por falta de opção, quando dei por mim estava em sala de aula, no início penando, depois gostando. Mas ninguém me enganou com propostas sedutoras e irrecusáveis de uma vida fácil, com salários astronômicos e mordomias.

Comecei a dar aula conhecendo as regras do jogo. E imagino que a maioria de vocês também.

Mas não aceitem essa conversa mole pra boi dormir de que ser professor é um sacerdócio e que não importa que as suas condições de trabalho sejam péssimas, que o seu salário seja baixo, que falte material, que, em alguns casos, faltem instalações decentes para vocês e para seus alunos. Você não é um sacerdote. Você é um profissional. E como profissional tem direito a ter condições de trabalho; e como cidadão tem direito a um salário digno; e como ser humano tem o dever de tratar bem o seu público. Afinal, trabalhar com o público não é nem nunca foi fácil.

O que é fácil, é descarregar todas as frustrações nos alunos, lançar no aluno os próprios recalques, sentir na nota vermelha o prazer da vingança, a negação transferida ao aluno do que muitas vezes lhe é negado, seja lá o que for. O que é fácil, é com a desculpa do salário baixo dar uma aula medíocre. E vocês sabem tão bem quanto eu que há muitos professores assim.

Não acredito que o professor ensine alguma coisa. Acho que o professor mostra o caminho das pedras. Na verdade, quem aprende é o aluno, senhor do processo de aprendizagem. Nós, no máximo, podemos ser facilitadores ou ´dificultadores` desse processo. E quase sempre nos tornamos exemplo para nossos alunos. Exemplos do que eles querem ou do que não querem copiar. Podemos influenciar positiva ou negativamente no pensamento de alguém, podemos ajudar a formar seres humanos críticos e pensantes ou podemos continuar fabricando robôs, pseudo-máquinas dotadas de obediência, não de inteligência. Massa de manobra.

Colegas, desejo a todos nós um excelente dia! E melhores condições de trabalho e melhores salários para todos. Mas, sobretudo, a consciência de que ao preparamos uma aula o mais importante não é a matéria em si, mas o aluno que vai recebê-la. Sonho com que um dia os professores todos seremos críticos mostrando o caminho das pedras de uma real transformação da sociedade, para uma mais humana, mais crítica e com menos desigualdades sociais.

Abraços,

I.R.

PS: Aproveito para agradecer a todos os professores que tive em 21 anos de carreira escolar. Aos que me mostraram o que eu queria e o que eu não queria aproveitar como modelo tanto profissional quanto pessoal. Muitíssimo obrigado.

PS 2: Sinto que essa carta pode ser desmembrada em várias...

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Bilhete para o inventor de feriados

Buenos Aires, 13 de outubro de 2008

Prezado,

há alguns meses te escrevi uma carta. Mas aquela carta ficou curta e foi superada depois da sua nova invenção.

Passar - com aprovação do congresso - um feriado (que até então era intransferível) de um domingo para uma segunda foi, se não a maior, uma das suas maiores conquistas.

Parabéns!

Um abraço,

I.R.

sábado, 11 de outubro de 2008

Bilhete para um tangueiro

Buenos Aires, 11 de outubro de 2008

Prezado,

você, como bom tangueiro, sabe melhor do que ninguém que para cantar tango não é necessário ser um rostinho bonito. É necessário alma, sentimento e, principalmente, uma Voz, assim, com V maiúsculo, para interpretá-lo.

Um abraço,

I.R.

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Carta para os meus vizinhos

Buenos Aires, 08 de outubro de 2008.

Prezados vizinhos,

Desculpe-me desapontá-los, mas devo lhes dizer que vocês não são originais. Nestes 33 anos de vida já me mudei de endereço algumas vezes, mais ou menos umas 10. E o que se vê aqui neste meu endereço atual não traz muitas novidades... se bem que a história de ontem... bem, essa foi uma novidade no currículo dos meus vizinhos.

Vizinhos, lá no Arraial do Cabo, onde morei, tínhamos como vizinhos um casal que brigava todos os dias, boa parte da noite. Mas não era uma briguinha de discussão, palavrão, um “te odeio” para cá, um “vou embora” para lá. Um “filho da puta” dito naquela casa soava quase como elogio. E os pratos, os copos, tudo o que fosse quebrável voava e se espatifava naquela casa, onde a mulher chamava pela polícia a cada nova briga. Ou seja, toda noite. Até que um dia a polícia apareceu para prender o marido. E a mulher fez um escândalo para que não o levassem.

Aqui em Buenos Aires também tive um casal briguento como vizinho. Uma noite, parte do edifício acordou com a reclamação em alto e bom som da mulher: “- As coisas não funcionam assim, você sai por aí para beber, chega bêbado e quer meter (isso mesmo, meter) às três da manhã!”

Nesse mesmo edifício morou um casal coreano durante um tempo. Sobre as brigas deles não posso falar muito, pois discutiam em coreano e eu não podia entender nada. Para dizer a verdade, nem sei ao certo se estavam discutindo.

Em outro edifício, tive uma vizinha que “praticava” canto lírico. Não sei se estudava, fazia um bico com isso ou se realmente era a sua profissão. O que sei é que à tarde era muito comum ouvir um “ma, me, mi, mo, mu; ma, me, mi, mo, mu”. Nesse edifício também tive vizinhas que tentaram fazer um gato na minha TV a cabo e teriam conseguido se isso não tivesse interferido na conexão à internet, e se a Chichi não as tivesse assustado com chamar a polícia se isso voltasse a acontecer.

Então, meus vizinhos, que alguns de vocês sejam meio esquisitos não é um problema. Alguns, em reunião de condomínio me cumprimentam, depois passam por mim no corredor e, quando muito, me dão um pequeno rosnido. Tem uma que nos oferece a sua agenda sexual. Hoje sim, amanhã não. Hoje sim, a tal hora. A cama faz “nheque-nheque” e ela emite ruídos.

Agora, vizinho com cara de bobo, você sim me proporcionou uma novidade. Nunca tive um vizinho que aparecesse com uma prostituta no edifício e, com cara de culpado, não cumprimentasse ninguém. Principalmente porque, infelizmente, você sempre cumprimenta. Eu não vi a trabalhadora, mas me disseram que era um pouco feia. É o que eu digo, se vai pagar, pelo menos compra um serviço um pouco melhor, não é? Se bem que quem nasceu para Sidra, por mais que o Champanhe não seja muito mais caro, vai morrer tomando Cereser.

De qualquer forma, todos vocês são fichinha ao lado do “De Repente Bar”, meu vizinho durante poucos meses, lá no Arraial do Cabo, quando eu tinha uns 12 anos. Um bar numa rua residencial, com show ao vivo à partir da meia-noite. Na inauguração, às 4 da manhã me vi acordado, sentado na cama dos meus pais, ouvindo um cover do Wando cantar “Chora Coração, iê, iê, iê, iê, iê, iô”.

Esses vizinhos sim, acho que serão imbatíveis. Vocês ao lado deles são amadores.

Um abraço,

I.R.

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Bilhete para um músico popular brasileiro

Buenos Aires, 6 de outubro de 2008.

Prezado,

sejamos sinceros algumas versões de músicas são "mais bonitas" do que outras. Como gosto não se discute, o que é mais bonito para mim, pode não ser para você. Então, não vou dar minha opinião. Deixo a você o trabalho de escolher por conta própria, e o direito de, inclusive, escolher as três.

Um abraço,

I.R.







PS: A ordem em que aparecem não é aleatória, representa a ordem em que conheci cada versão, não a minha preferência.

Outro abraço.

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Do verbo tocar

Piano, cítara, gaita e violoncelo
Bongô, guitarra, sax, fagote e quena
Nem batera e atabaque, mas que pena
Não toco nada, em nada me revelo

Nem harpa, cavaquinho ou o que é mais belo
Um violão que domina toda a cena
Não toco e desconecto a minha antena
Nem assovio, a boca eu já congelo

E não toco sanfona nem charango
Violino e bandoneón para o meu tango,
Não toco berimbau nem pandeireta

Mas se não toco nada de instrumento
Garanto que não causa sofrimento
Não toco e não arranho de ranheta

I.R.

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Segundo bilhete para um sambista

Buenos Aires, 1° de outubro de 2008

Prezado,

o passar do tempo às vezes só me mostra que as pessoas ficam mais velhas (ou mais gordas)... e mais nada... No caso dela, é como na propaganda "Você se lembra da minha voz? Mas os meus cabelos, quanta diferença!"

Tivesse Alcione nascido nos Estados Unidos e seria uma cantora de jazz mundialmente famosa. Mas cá entre nós, ainda bem que nasceu no Brasil e canta samba, não é mesmo?





Um abraço,

I.R.

terça-feira, 30 de setembro de 2008

Carta para um usuário do metrô

Buenos Aires, 30 de setembro de 2008.

Prezado usuário do metrô,

Você já teve a sensação de que alguns dias são estranhos. E não estou falando desse papo de “hoje não deveria ter saído de casa”. Só que alguns dias são meio esquisitos, um pouco bizarros, ou simplesmente diferentes.

Ontem, por exemplo, tive uma revelação. Descobri que no metrô só viaja gente feia. Não sei em São Paulo ou no Rio ou em Londres, Paris, Nova Iorque, Moscou ou Madri , mas aqui em Buenos Aires é incrível. Só tem gente feia. E não adianta me dizerem que a beleza ou a feiúra (ainda com acento) são coisas subjetivas ou mesmo impostas por uma sociedade de consumo que escolhe os seus padrões de um modo ditatorial. Não adianta me dizer o que já sei. Assim como sei que aqui no metrô está cheio de gente feia.

Minha única dúvida sobre essa questão é se eu sou a exceção que confirma a regra ou se minha auto-estima anda tão elevada que me faz esquecer de que tenho espelho em casa, afinal de contas, também sou passageiro.

Viajo em pé, apertado, como vaca indo para o matadouro (quando consigo entrar – na hora do rush é uma aventura quase impossível de se realizar); escuto a música dos que vão com seus ipods originais ou genéricos num volume que os deixará com perdas de audição em alguns anos; leio os jornais dos que se sentam ao meu lado (quando consigo sentar); vigio meus bolsos e minha bolsa para não ser assaltado; ouço conversas fúteis; vejo aqueles usuários dos ipods dançando ao som de suas trilhas sonoras pessoais, como se estivessem em uma danceteria (aqui não tem baile funk) e sou obrigado a ser voyeur quando os casais se “atracam” ao meu lado.

Andar de metrô é também estar preparado para assistir ao ódio em seu estado puro. Qualquer uma das lutas de Mike Tyson no auge da sua forma se transforma num programa de luta-livre, telecatch, titanes en el ring, ao lado das discussões urbanas do metrô. Discute-se porque os que querem entrar não esperam os que querem sair saírem (parece um: olha que isso aqui tá muito bom, isso aqui tá bom demais; olha quem tá fora quer entrar, mas quem tá dentro não sai – só que não sai porque não pode, não porque esteja adorando esse ‘passeio de minhoca’); discute-se porque o metrô está cheio e nem todos os que estão na plataforma da estação vão poder entrar; discute-se porque as pessoas ficam todas perto da porta, atravancando a passagem.

Só não se discute quando alguém passa a mão em alguém, aí pode rolar cotovelada mesmo, ou então quando alguém peida. Aí é que todo mundo faz cara de ‘eu não fui’ ou de ‘eu não sei que cheiro é esse e prefiro fingir que nem estou sentindo cheiro algum’.

Ainda bem que são poucas estações e que a viagem dura pouco quando o serviço funciona... pequeno detalhe. Bem, ainda bem mesmo que pelo menos aqui a passagem ainda custa 90 centavos.

Um abraço,

I.R.

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Falsa gata

Mulher que não conhece o que é armistício
Que manda, ordena, impera, é um purgatório,
Um purgante sensual, o mais notório,
Que me anota pra dar o seu suplício.

Mulher da coxa grossa, que é meu vício,
Sofrimento de ardor premonitório,
Da bunda paraíso e purgatório,
Que sabe que o massacre é seu ofício.

Terrível. A palavra te define,
Terrível, mais terrível que no cine,
Contigo nem o diabo já não pode.

Mulher-sargento, coxa, peito e bunda,
Nem o cinema viu-te tão profunda,
Por trás deste, não buço, seu bigode.

I.R.

sábado, 27 de setembro de 2008

Bilhete para um sambista

Buenos Aires, 27 de setembro de 2008

Prezado,

você há de concordar com algumas de minhas idéias, que, no final das contas, não são minhas, mas estão circulando por aí, por imaginários coletivos "ou particulares".

1- Martinho da Vila é um dos maiores sambistas de todos os tempos no Brasil. Há um antes e um depois no samba, e esse divisor de águas é ele.
2- Leci Brandão é uma das maiores cantoras do Brasil, por mais que nunca tenha tido o merecimento que lhe é devido.
3- DNA não é tudo, mas é inegável que Mart'nália e Maria Rita herdaram alguma coisa diferente quando foram concebidas.
4- Não sei se Mart'nália vai ser uma divisora de águas, mas seria bom que a partir dela as cantoras negras tivessem mais espaço na mídia... Bem, seria bom que ela também tivesse mais espaço na mídia.

Salve o samba!

Um abraço,

I.R.



quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Carta para um preguiçoso

Buenos Aires, 24 de setembro de 2008.

Prezado preguiçoso,

Me dê as mãos e vamos sair juntos por aí dizendo ao mundo, bem lentamente, que não fazer nada é lindo!

Atire a primeira pedra quem não sentiu vontade de um dia, simplesmente, acordar, tomar um banho, preparar um chimarrão ou um café, umas torradas com manteiga, uns biscoitos, e ficar em casa... lendo o jornal, um livro, conversando, ouvindo música... E não estou falando de um domingo... Fazer isso numa quarta-feira sempre seria mais divertido. Ou estou exagerando?

Agora, quando falo em não fazer nada, estou falando do ócio produtivo, ou do ócio com o tempo preenchido por atividades, como ver um filme, ler, navegar na internet, escrever em um blog, bater um papo. Não falo de passar o dia inteiro na cama dormindo. Acho que ficaria maluco se tivesse que passar o dia na cama sem fazer nada... ou dormindo... Dormir tanto me cansa.

Atire a segunda pedra quem nunca sentiu vontade de inventar uma história qualquer no trabalho para simplesmente não ir e aproveitar o dia sem ter que agüentar chefe, escritório, alunos, colegas de trabalho, relatórios, planilhas, chamada, cartão de ponto, crachá.

Confesso. A tentação de não ir hoje ao trabalho é imensa. E não é nada pessoal. Os alunos são legais. Mas é aquela vontade de não sair, de viver uns minutos de “deixa a vida me levar, vida leva eu”. Para se ter vontade de não trabalhar, o ambiente de trabalho não precisa ser ruim, o desejo de um dia de ócio, a vontade de se entregar à preguiça, não tem nenhuma relação com o ambiente. O chefe pode ser ótimo, o escritório bonito com uma linda vista, os colegas divertidos, o trabalho agradável e a foto no crachá, milagrosamente, bonita. A preguiça é algo interno, é da alma. Tenho alma de preguiçoso. E você, tem ou é um preguiçoso eventual?

Atire a terceira pedra quem nunca deixou para amanhã o que poderia ter sido feito hoje.

E não é necessário um dia de chuva para se sentir/viver preguiça. Pode ser um dia de chuva e um friozinho gostoso. Pode ser um dia bem de primavera, uns 15 graus, um solzinho, algum vento. Pode ser um dia de verão, com aquele calor que não estimula sair do próprio ar condicionado.

Atire a quarta pedra quem não estiver com preguiça.

Um abraço,

I.R.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Óbvio

Trânsito
Calor
Trabalho
Caos
Tumulto
Corrupção
Tristeza
Caro
Ansiedade
Lotado
Cobrança
Apertado
Pressa
Travado
Estresse
Estresse
Estresse
E eu só preciso...
Um pouco mais de paciência.

I.R.

domingo, 21 de setembro de 2008

Carta para a Primavera



Buenos Aires, 21 de setembro de 2008.

Prezada Primavera,

Antes de mais nada, gostaria de saber qual é o seu dia exato aqui no lado de baixo do Equador? É, pergunto, porque no Brasil o seu início pode ser no dia 22 ou no dia 23 de setembro, mas aqui na Argentina não.

Aqui na Argentina você tem dia fixo. E é hoje, dia 21.

Isso significa que hoje, ou na segunda, já que hoje é domingo, os jornais na televisão terão comentários mais imbecis do que de costume. E me desculpem pela palavra imbecis, mas é que os jornais ficam mais bobos do que o normal em certas épocas do ano ou com certas notícias.

Ah, mas aqui você não vem sozinha. Hoje também é o dia do estudante.

E é dia de ver certos lugares como a Costanera e os Bosques de Palermo lotados de rostos cheios de espinhas, consumindo litros de qualquer bebida alcoólica, ouvindo música, brigando, roubando e sendo roubado, tirando milhares de fotos com seus celulares para depois colocá-las em seus flogs, e doidos para terminar o dia em algum motel barato das redondezas, já que transar em público ainda não é comum por aqui.

É impressionante como o tal dia do estudante, associado ao dia da primavera, ou vice-versa, acabou se transformando num dia de tesão à flor da pele. A “tradição” começa com os cartazes da camisinha Tulipán espalhados pela cidade, depois continua com a azaração ao ar livre no próprio dia 21 e termina... bem, prefiro não saber, prefiro que me poupem dos detalhes sórdidos.

Agora, sabe de uma coisa, Primavera, devo confessar que não sou seu fã número um. Primeiro, porque não gosto das mudanças de estação, fico com o nariz muito mais sujo, se é que me entendem, e depois porque na primavera nunca sei muito bem o que vestir, já que de manhã há um frio de 8 ou 10 graus, e à tarde um calor de mais ou menos 20, e somos obrigados a levar o pulôver ou a jaqueta ou ambos na mão.

Mas voltando ao início da primavera, me impressiona ver gente que, com a sua chegada, e só por isso, diz já se sentir mais alegre, mais animado. Não sei... devo ser realmente muito estranho... ou será que é porque já não tenho idade para ficar bêbado no parque, tendo meu celular carregado de fotos roubado por alguém que também passou o dia comemorando a estação das flores e das alergias? Sei lá. Na próxima encarnação, quando for adolescente de novo, talvez eu descubra.

Sem mais, seja bem-vinda, um abraço,

I.R.

PS: Ah, só uma coisa e muitíssimo importante. A Tulipán pode até ter boas propagandas, mas o seu uso prolongado pode ajudar a produzir Santiagos.



quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Bilhete para a Xuxa

Buenos Aires, 18 de setembro de 2008

Prezada,

você é conhecida, famosa e bem-sucedida há muitos anos. E nunca soube exatamente o porquê. Você não canta bem e não é boa atriz, no entanto sua imagem vende, seus CDs vendem, seus filmes vendem e você ainda é considerada a Rainha dos Baixinhos. Não quero ficar falando de seus filmes eróticos, ou da história de que suas músicas, se ouvidas ao contrário, continham mensagens satânicas, ou mesmo de seus romances, de suas preferências sexuais, etc.

Esse pequeno bilhete tem o intuito de dizer que ontem talvez eu tenha descoberto o seu melhor trabalho, pelo qual, sem justiça, você não é conhecida. Você estava ótima no papel, combinava com você e me fez pensar que, hoje não, mas naquela época você deveria ter recebido um Oscar. E a música outro, de melhor canção.

Um abraço,

I.R.

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Tribos urbanas

Entre tribos e fauna conhecidas
Sempre há o que descobrir, classificar
E se as coisas seguirem nesse andar
Temos trabalho nessa e em outras vidas

Pois há emos com amas deprimidas;
Floggers com rebeldia pra comprar;
Enfermos de infecção hospitalar;
E hpa homos com vontades reprimidas

E há tântricos, há heteros e há rastas
Numa fauna com tribos e com castas
Que estranho nada vi no desafio

De a fundo investigar Copacabana
Pra saber se é real ou lenda urbana
A piranha tripé de lá do Rio.

I.R.

domingo, 14 de setembro de 2008

Carta para um cientista

Buenos Aires, 14 de setembro de 2008

Prezado cientista,

Não posso simplesmente mandar esta carta e dizer que você é um alienado. Não posso, porque isso seria contrário ao meu estilo, nem tanto aos meus princípios.

Agora, pensando juntos, sejamos sinceros, essa tal máquina, a LHC, para que serve? E não me responda o óbvio, que o LHC é um acelerador de partículas, o maior já construído pelo homem. Me diga, de verdade, para que serve?

O LHC vai resolver o nosso problema de desigualdade, de miséria, de fome, de injustiça, de aquecimento global, de trânsito caótico? Ou é apenas um grande brinquedo simulador de “big bang”?

Falando em simular o “big bang”, tenho uma pergunta que talvez você possa me responder. O segredo é esse? Nós somos o resultado de uma experiência feita em outro planeta, outra galáxia, outros cientistas, e estamos neste exato instante presos num acelerador de partículas enterrado na fronteira do Guaytisil com a Viaqualela?

Dizer que foram gastos 3 bilhões de euros para procurar um troço chamado bóson de Higgis, para mim é rir do sofrimento alheio. Serei ignorante, burro, atrasado, mas acho que gastar 3 bilhões de euros para encontrar o bóson ou o bozó de Higgis é um absurdo.

E o que é pior, com certeza, depois que tudo isso terminar e encontrarem ou não encontrarem nada, com os resultados da pesquisa vão inventar uma nova bomba. Assim funcionam as pesquisas neste mundo. Se todas as CPIs do Brasil acabam em pizza, todas as pesquisas científicas do mundo acabam em bomba.

Aí no Brasil eu não sei, mas se você acompanhou os jornais pela internet, aqui na Argentina houve um verdadeiro furor com o LHC, notícias, reportagens e até um apelido: “a máquina de Deus”. O que não fazem para despistar os cidadãos sobre o aumento da inflação?! Esta não foi uma semana de pão e circo, foi de dieta forçada e LHC.

Estou tão de saco cheio dessa história de LHC que tive saudade de outros HC, como o FHC, por exemplo. E aí descobri toda a família HC, como o inseticida BHC, o Chevrolet Celta VHC, o celular Samsung SHC, o Centro Nacional de Furacões dos EUA, o NHC, a banda CHC, o Grupo Hospitalar Conceição, GHC, o Partido Humanista Cristão, PHC, a UHC, unidade dos honorários dos contabilistas, e por aí vai, porque a família é composta pelo alfabeto inteiro, incluindo KHC, YHC e WHC.

Vem cá, meu amigo cientista, será que não seria melhor em vez de LHC, THC para todo mundo? Pergunto.

Um abraço,

I.R.

sábado, 13 de setembro de 2008

Décimo-primeiro bilhete para um world músico

Buenos Aires, 13 de setembro de 2008

Prezado,

você não imagina a minha falta de tempo nesta última semana. Pra piorar, tive que formatar o computador, dormi pouco, e ainda me comprometi a recuperar umas aulas que ficaram perdidas em algum buraco negro dos meus horários semanais. Mas não é para falar de mim que escrevo para você.

Escrevo só para dizer que, afinal, somos todos irmãos, filhos de um mesmo lugar.

Um abraço,

I.R.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Peças

As peças que na vida a gente prega
Entregam novas dores, experiências,
Contra as quais não existem duas ciências,
A quem meu coração todo se entrega

Se com o sofrimento a alma se esfrega,
Se as peças causam dor, causam dormências,
Eu me entrego ao senhor das sonolências
Com medo dessa peça que me cega

Se eu tenho o amor quebrado em mil pedaços
Por saber que não vou ter teus abraços
O medo ao coração todinho o arranha.

Me quebro na Argentina e no Brasil
Grécia, Inglaterra, Ucrânia, em peças mil,
Me parto e me reparto na Alemanha.

I.R.

domingo, 7 de setembro de 2008

Bilhete para um comediante

Buenos Aires, 7 de setembro de 2008

Prezado,

a tentação da piada fácil é grande, e hoje, 7 de Setembro, nada seria mais fácil do que fazer piada sobre a (in)dependência do Brasil, principalmente se levamos em conta a história oficial que nos venderam em nossos tempos de escola primária, atual Ensino Fundamental.

Acho que nem todos os Superamigos mais os X-Man juntos seriam tão heróicos como o nosso libertador de Portugal, o português Dom Pedro, futuro Dom Pedro I.

Mas não quero cair na piada fácil, e sobre reis e rainhas, ou até mesmo para eles, depois eu escrevo uma carta.

Este bilhete, que já quase está se transformando numa pequena carta é apenas para dizer que, sim, o humor não precisa ser ofensivo, as piadas não precisam ser agressivas e os programas humorísticos não precisam ter uma, duas ou setenta mulheres com pouca roupa para ter audiência.

Se depois nem todo mundo acha graça nas mesmas coisas, aí é um problema de cada um, do humor ou da falta dele que cada um de nós tem ou do que nos produz riso ou não.

Permita-me usar a sua música como exemplo. Pode ser que meus alguns leitores de língua portuguesa não entenda a letra da canção, mas devem entender o que estou tentando dizer.



Um abraço,

I.R.

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Terceira carta para os leitores

Buenos Aires, 3 de setembro de 2008.

Queridos leitores,

Não tenho a menor idéia de quantos vocês sejam, mas como todo mundo que escreve diz ter meia dúzia de leitores, talvez eu também tenha meia dúzia. Ou estou sendo otimista demais? Bem, na verdade isso não importa. Para os de sempre e para os ocasionais, aqui estou de volta.

Digo que estou de volta porque estive alguns dias sem escrever uma carta, com postagens minimalistas e evitando qualquer coisa que me desviasse a atenção por muito tempo. Acho que quem (já) me conhece um pouco sabe que estou falando dessa maré que às vezes chega de boas traduções (e digo boas por causa da quantidade de palavras, não pelo assunto em si).

Mas como nem só de traduções vive o homem, também fui obrigado a escrever menos nos últimos dias por causa de trabalho. O número de aulas aumentou, alguns cursos novos e outros velhos que voltaram das férias.

E no meio de tudo isso, no sábado retrasado caiu um tijolo na minha cabeça. O quê? Riam, riam, eu deixo... caiu um tijolo na minha cabeça. Eu estava chegando em casa e quando fui fechar a porta de entrada do edifício onde moro, um tijolo que estava mal colado na parede, se desprendeu e foi, caprichosamente, se encontrar com o meu cocuruto. Ainda bem que não abriu nem tive que levar pontos. Foi o susto, um galo que cantou de sábado para domingo, na segunda ele já tinha ido embora, uma tarde no hospital para tirar uma chapa da cabeça e o começo da noite na delegacia prestando queixa contra o arquiteto do edifício. E dessa história fica uma lição. A minha cabeça é mais dura do que o que eu pensava que fosse.

Trabalho, trabalho e tijolada na cabeça... e a diversão? Sim, meus amigos leitores, também houve espaço para a diversão. Neste fim de semana passado, Chichi, Santi e eu fomos à Colonia Del Sacramento, do outro lado do Rio da Prata, no Uruguai. Foi a primeira viagem internacional do jovem Santiago, que hoje completa 4 meses de vida extra-uterina. Fazer essa viagem, mesmo tão curta, foi um descanso para mim. Vi o pôr-do-sol, caminhei sem uma bolsa no ombro e sem hora para estar em algum lugar, praticamente não coloquei o dedo no computador, só para ver os resultados esportivos, comi “chivito”, me deliciei com o “chajá”, tomei “Pilsen”, tirei fotos como se fosse um japonês, comprei uma cuia nova para tomar chimarrão e a Chichi aproveitou os preços para comprar e para me fazer comprar sapatos, depois de eu ter passado meses prometendo que compraria.

E agora, de volta à rotina, a grata surpresa de que este espaço, meu porque escrevo, e de vocês porque o lêem chegou a mais de 3000 visitas. Tá certo que mais ou menos a metade deve ser de entradas minhas, da Chichi e de algum amigo, mas não deixa de ser um número expressivo.

Falando em rotina, tenho que trabalhar.

Um grande abraço,

I.R.